quarta-feira, 28 de agosto de 2013

No mar

Depois da tempestade, aproveitei a calmaria para deixar as avós brincarem um pouco. Na consulta de hoje, elas representaram esse pai. As notícias, que confirmaram a observação atenta desse marinheiro de primeira viagem, foram que tudo está tranqüilo e que nossa menina deve chegar apenas no próximo mês.

Só que uma coisa que esses últimos dias me ensinaram é que a única certeza desse fim de jornada é a total incerteza. Tudo pode mudar. A calmaria pode se transformar em tempestade em poucos segundos. Então, atenção às velas, que o porto está logo ali.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Treinamento ou Braxton-Hicks, hora de ser ator!

Regra 1 para situações de crise: Planos de contenção e ensaios de situações práticas auxiliam os momentos de crise. Busque, sempre que possível, repassar todos os procedimentos!

Regra 2 para situações de crise: Mantenha a calma. Mantenha o controle da situação, não mostre afobamento, controle  a adrenalina e mantenha-se sempre alerta.  

Regra 3 para situações de crise: Se a situação chegar e pânico vier junto, nunca demonstre para quem está ao seu lado, que você está em pânico interno. Isso dará a sensação de segurança a quem mais precisa.

Seguindo essas regras:
 (Domingo, 23h)
- Começou? De quanto em quanto tempo? (Aparentando algo normal)
- 10 em 10 minutos.
- Liga para médica. (Não posso ficar desesperado, tenho que raciocinar)
- Não, ainda não. Vou mandar uma mensagem de texto.
- Beleza! (Bom, já que ta assim, vou aproveitar para dormir!!!)
(Segunda, 03h45)
- Tá aumentando, acorda!
- O quê? (Pedido no meio da madrugada! Assustado, mas mantendo o personagem)
- Tá aumentando.
- Quanto em quanto? (Meu deus!!! O que faço?)
- 8 em 8 minutos.
- O que você quer fazer? (Tentando raciocinar. Eu quero sair correndo daqui!!!)
- Vamos esperar até de manhã. Coloca um Top Chef pra gente assitir.
- Lógico (Top Chef? Será que Teresa tá com fome?)
(Segunda, 06h30)
- Acorda! Falei com a Claudia. Ainda está de 8 em 8. Ela pediu para irmos ao consultório.
- Beleza, vou tomar um banho e vamos. (Onde fica o banheiro? Dá tempo?)
(minutos depois)
- Acho que está aumentando.
- Relaxa. (pensamento – fudeu!). Vai dar tempo! (Espero, rezo, rogo, imploro!!!)
- Tá doendo, vindo de 5 em 5 minutos...
- Beleza! Vamos descer as coisas e partirmos para o consultório! (Sorriso calmo no rosto e pensando: agora fudeu mesmo!!!)

Mantive a pose durante todo o trajeto, sempre calmo, com um sorriso no rosto e conselhos da manual de ato-ajuda. Nem xingar no trânsito, xinguei.

Depois de trânsito absurdo, no consultório, descobrimos que o colo do útero estava intacto, que as contrações estavam diminuindo e que, provavelmente, não seria naquela hora. Ainda fizemos um ecocardiograma para observar o comportamento de Teresa. Durante 40 minutos e muitas contrações, tudo certo, voltamos para casa, para mais momentos de espera.

Voltei cansado (não mais que a mãe,) e dormi quase imediatamente. Acho que no ensaio fiz bem o meu papel. Quero ver na hora que for pra valer, como vou atuar.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Você vai chorar?

Essa foi a pergunta de duas grandes amigas ontem: e aí, você vai chorar?

Lógico que vou. Vou me acabar de chorar. Só não vou dar vexame porque sei que a mãe vai precisar de mim, mas não tem como não chorar.

Tenho um certo medo das minhas emoções. Me conheço. Sou um cara controlado, mas quando a emoção bate forte, vem meu lado chorão. Vendo o vídeo de um grande amigo, perdido ao lado da maca da mãe, chorando como uma criança, na emoção do seu segundo filho, tive a certeza que o choro vai ser o mais suave.

O coração está bem, forte, testado na esteira da Clínica São José. Só que não sei o que a adrenalina vai fazer de mim. Só de escrever já me emociono. Vendo o filho dos outros nascer já choro, imagina no momento em que a pequena Teresa aparecer, chorando. Não tem como, vou ter que acompanhar minha filha e abrir o berreiro.

Só espero que ela seja a única pessoa carregada na sala de parto. Essa samambaia aqui tem algumas missões e precisa aguentar forte até o fim. Levar Teresa até o berçário, acompanhar ela ser medida, pesada, etiquetada (tarefas passadas há muito tempo pela mãe) e ter forças para exibi-la pelo vidro. Um longo processo, que tenho certeza absoluta, que passarei com muitas lágrimas felizes nos olhos.  

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Um simples exame

Durante 20 minutos o som que ecoou pela sala de exame foi o som que me conquistou há meses atrás. E entre o observar da máquina, o sono da mãe e a tentativa de leitura de um livro, me deixei levar por muito mais tempo pelo doce batimento do coração de Teresa. Ouvi o ritmo se alterar com os movimentos. Ouvi quase desaparecer depois de uma contração e voltar mais forte, tomando conta de todo vazio, logo depois. Fiquei ouvindo e curtindo os acelerados sons emanados pela máquina, revelados pelas tiras azuis com sensores que envolviam a mãe e revelavam o que acontecia no oculto daquela barriga.

Logo, tudo vai mudar. Logo, tudo se revelará. Até lá, movimentos e sons me trazem ainda mais expectativa para o momento mais importante da minha vida. Se vou aguentar? Não sei! Só sei que quero viver e saborear cada segundo dessa transformação. Quero acompanhar a passagem desses mundos e presenciar o fim desse primeiro mistério. O fim de uma viagem que transformará os sons. No fim, o som do choro real vai tomar o lugar do som das pulsações reproduzidas por uma máquina e unindo, em fortes batimentos, 3 corações.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Reta final e parto normal

Como o pai escreveu no post anterior, o fim de semana foi de vivência intensiva sobre o “monotema” que passou a dominar nossos pensamentos. De fato a chegada dos Pedros, filhos de duas queridas barrigas amigas, mexeu bastante comigo.

Era com elas que eu compartilhava sensações e trocava com frequência figurinhas. Você está sentindo isso? Como foi a ultra? Quando você vai na médica? Ainda mais porque nós três temos a mesma obstetra. É realmente muito assunto! Elas, que estavam com menos de 2 semanas na minha frente, já estão com seus bebês no colo. Que coisa mais linda! Inevitável pensar que sou a próxima da fila, que agora, mais do que nunca, está chegando a hora. Se eu estava me achando calma e tranquila, agora sou um poço de expectativa. Por conta disso, ontem arrumei finalmente arrumei a tal malinha da maternidade.

Claro que eu penso muito em como será nossa vida com uma filha. A mente voa imaginando a família que seremos em menos de um mês. Mas mais do que nunca, eu penso muito muito muito no parto, torcendo profundamente para que tudo saia na mais perfeita ordem. Mas, se possível, que seja parto normal!

Só falta uma barriga

A Manu e o Caetano já estavam por aqui. Nesse fim de semana chegaram o Ian e os Pedrões. Uns de parto normal, outros de cesarianas, mas todos estão bem, com pais e mães exibindo os mais bobos sorrisos. 

Aos poucos, acabaram-se as barrigas que nos cercavam. Agora só falta Dona Andy e seu Cleomir, que está crescendo bem. De resto, todo mundo já explodiu e trocou o sossego da barriga das mães pela confusão daqui de fora.

Teresa acompanhou a chegada dos Pedrões de perto. Sei que isso emocionou a mãe. Essa deliciosa sensação de amor que se encontra do lado de cá do vidro quando o pai aparece para mostrar a cria só despejou bons hormônios na nossa pequena.

Eu fiquei observando a cara de bobo que os pais parecem depois de viver a experiência mais transformadora do planeta. Confesso que a vontade de lamber a minha cria aumentou. Ainda torço, junto com a mãe, que Teresa passe os próximos 15 dias do lado de dentro da barriga, para ganhar peso.

Agora falta bem pouco. Hoje, no exame de cardio, fiquei curtindo o coraçãozinho dela por meia hora. Batida ritmadas, interrompidas por uma contração de treinamento. Elas começaram! Deixam dura a barriga da mãe e preocupado o coração do pai. Não sei quando vai ser a hora, mas sei que essa expectativa está mexendo com tudo. Não to dormindo tranquilo (e olha que ainda nem nasceu!).

Hora de aprender a conviver com a ansiedade da espera. Quero muito vestir a roupa branca do hospital e entrar na sala de parto para acompanhar Teresa chegando. Quero muito ouvir seu choro e poder pegar ela no colo. Quero muito viver essa experiência completa e chorar de emoção mais que a minha bebê.

Se ela vem em uma, duas ou três semanas eu não sei. Enquanto isso, vou me alimentando dos bons fluidos emanados pelos novos papais, mamães e pequenos (ou grandes) filhotes. Vou torcendo para que Teresa venha ao mundo com  a tranquilidade de seus amigos e sabendo, que uma vez do lado de fora, ela via ter muita gente boa para brinca, aprender, compartilhar e amar.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Sons, batidas e outras sensações

Hoje foi dia de consulta. Como o parto chegando, o ritual desses encontros com a médica já é rotineiro. Você acaba sabendo o que vai acontecer, o que ela vai medir, ver, etc. Uma rotina tranqüila, sem sobressaltos, reconfortantes. Só tem uma coisa a que não me acostumo. Só tem uma coisa que me faz sorrir e sentir o mesmo arrepio desde a primeira vez que aconteceu. O som do coração de Teresa ecoando pela sala é uma das coisas mais deliciosas dessa viagem que está chegando ao fim. Basta o aparelho revelar os acelerados batimentos do coração de minha filha, para esse pai abrir o sorriso e se sentir nas nuvens.

Esse é o som mais gostoso que ouvi na vida. Esqueça as melodias de Lennon e McCartney, as Bachianas, as Nonas, as Cavalgadas e todas as 4 Estações. Nada é mais melódico que o coração de Teresa. Nada é mais harmonioso que o som que entra pelos meus tímpanos e toma todo meu corpo. O som que faz meu coração acelerar e os músculos de meu rosto se transformarem. O som que faz nascer o sorriso mais gostoso do mundo.

O Coração de Teresa faz meu coração acelerar e bater melhor, mais completo e bem mais feliz. O coração de Teresa traz vida ao meu coração.

Daqui a pouco, vou ouvir seu choro e minha interação será bem maior que os atuais papos e toques via barriga. Enquanto isso não acontece, curto os movimentos da minha pequena Teresa e deixo me embalar ao som coração de seu doce coração.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Eu tenho a sorte de um amor tranqüilo

Às vésperas de completar 36 semanas, eu estou tranquila. As pessoas me perguntam se estou muito ansiosa, se quero que ela nasça logo. Na verdade quero que ela quando ela quiser, quando estiver pronta, quando for o momento certo. Eu sempre achei estranho ouvir as pessoas desejando “boa hora” pras grávidas. Mas hoje acho que essa recomendação faz todo o sentido. O que mais quero é isso, que a gente tenha “uma hora beeem boa”. É muita expectativa para que tudo corra da melhor forma possível.

Ela se mexe cada vez mais aqui dentro da barriga, por vezes com uns chutes fortes. Nessa madrugada cheguei a pensar: será assim a partir de agora até o final? Devo, desde já, me despedir das noites bem dormidas? Mesmo se for isso, tudo bem, nem posso reclamar. Até aqui foram 8 meses maravilhosos. Sem enjoos, sem dores de cabeça, bem poucos incômodos físicos.  Já começa até a dar saudades da barriga! Afinal, tem sido tudo muuuuito tranquilo, ufa!

E é assim, aliás, a nossa vida, enquanto casal, desde que a gente se conheceu. :-)

No sonho... dos outros

Hoje de manhã, a diarista me liga toda animada e emocionada. "Sonhei com a sua filha! Ela era a cara do pai e estava no seu colo. Eu precisava te contar isso! Eu nunca tinha sonhado com nenhum bebê". Desliguei o telefone feliz. 

Eu ainda não sonhei com o rostinho da Teresa, mas sobre a semelhança com o pai já desconfiávamos pelo pouco que a moça se revelou as ultras. 

Eu tenho sonhado bastante, mas sempre com as situações referentes aos preparativos pra chegada dela e, principalmente, com o parto. A carinha mesmo, pelo jeito, só vamos conhecer ao vivo, no grande dia.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

A sorrir

Um sorriso surge do nada. Só não é maior que a barriga da mãe. Um sorriso que me enche de alegria. Adoro sorrir pensando em Teresa. Adoro pensar em Teresa. Em como será Teresa. Em seus desejos. Em seus sonhos. Em suas dificuldades. Em suas conquistas. Logo eu, que quase não sorrio em fotos. Eu com meu sorriso tímido e discreto, um sorriso que deixa de existir quando é sobre e para Teresa.

Aí a coisa muda. Aí esse sorriso vira um sorriso de absoluta felicidade, de muito nervosismo, de grande expectativa. Esse é um sorriso que acalma os momentos de tensão pelo que está por vir e me deixa alerta. Daqui a pouco ela estará por aqui, dependendo de mim e principalmente aprendendo comigo.

Agora que está próximo, que já não tem mais umbigo, nem posição na cama. Agora que o inchaço começou e que tudo vai entrando no lugar, esse sorriso é parte do pensamento que minha vida está próxima de sua maior transformação.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

35 semanas

Nosso pequeno alien continua se movendo com frequência. A semana 35 chegou e com ela as últimas roupas lavadas, a mala da maternidade esquematizada (graças à ajuda da madrinha carioca), testes do carrinho e da cadeirinha (com seus botões e posições que deram uma surra nos pais), o começo das visitas às creches e os últimos ajustes no quarto.

Festejamos a virada de Teresa e os resultados positivos dos exames, embora a moça continue não se mostrando no ultrassom. Em casa, em nossas conversas e no nosso silêncio, imaginamos como será daqui a um mês com um pequeno ser ocupando nossas vidas. Aprenderemos na prática, mas buscamos a teoria e a experiência de quem passou por isso. Sabemos que essa será a maior transformação de nossas vidas e tentaremos encontrar a melhor forma de criar Teresa para o mundo.

É engraçado olhar para trás e ver como tudo isso passou rápido. Tudo que pensamos, acho que conseguimos realizar. A preparação para bem receber Teresa já foi feita e os últimos ajustes do quarto serão nessa semana. As últimas coisas da mala da maternidade serão arrumadas durante esse mês. Não vejo a hora de ver todos esses objetos inanimados ganhando vida. Do berço ser ocupado. Do carrinho sair pelas ruas. Dos pacotes de fraldas serem abertos. Dos bodys, vestidos, panos, lençóis, etc voltarem sujos para a máquina. Serão mais 4 ou 5 semanas de expectativas. Serão mais 4 ou 5 semanas de espera. Depois, a história muda, mas tenho certeza que o amor só vai aumentar.