sábado, 29 de junho de 2013

Logo ali!

Amanhã serão 30 semanas. Quanto tempo passou nessa viagem. E como passou rápido esse tempo. O berço chegou desmontado e tomou parte do quarto - na quinta-feira, deve estar montado. A parede ainda não está pintada, assim como o Van Gogh não está emoldurado. Malas tomam parte do quarto, como coisas que ficaram sem espaço em casa. As roupas não foram lavadas, mas já estão separadas por idade. Daqui a pouco começam a chegar as fraldas e a partir da próxima semana, saímos na peregrinação para achar um creche.

Ainda faltam umas 10 semanas, o começo de setembro não aparece na folhinha, mas nessa velocidade, com o tanto de coisa que ainda temos que fazer, o choro de Teresa vai chegar bem mais rápido que o esperado. O que nos resta, como pais, é tentar colocar as coisas em ordem com calma e fingir que estamos preparados, com a certeza que isso é apenas uma doce ilusão.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Gabba, Gabba, Hey





When I'm lyin' in my bed at night I don't wanna grow up Nothing ever seems to turn out right I don't wanna grow up…

A deliciosa adolescência chegou ao fim (já faz tempo, mas agora é pra valer). Tenho algo pra sempre. Algo que sempre desejei. Que sempre quis. Ontem, na minha cama, eu queria crescer. Ontem, vendo como aquela barriga cresceu, eu quero crescer com ela. Explodir de felicidades como quando Dee Dee contava: 1, 2, 3, 4. Crescer na simplicidade de dois acordes de Johnny e saber que a vida é tão rápida quanto as batidas de Marky. Mas, principalmente, quero ser apaixonado, entregue e brega para cantar “What a wonderful World” como Joey.

Que Teresa ame os Ramones e veja que a vida é bela e simples. 



segunda-feira, 24 de junho de 2013

Tum, tum, tum, tum

Hoje tivemos mais um exame. Esse, para verificar o pequeno coração de Teresa. Medidas, volumes, sangue e o delicioso som das batidas. Tudo bem. Tudo tranqüilo.

O coração de Teresa bate saudável. Bate forte e bem. O coração de Teresa bate acelerado. Bate dentro da barriga da mãe. E pela caixa de som da TV, bate do lado fora. O coração de Teresa bate e enche a sala. O coração de Teresa bate no meu peito. Transforma minha cara. Bate na minha mente. Tum, tum, tum, tum.  

O coração de Teresa bate e me preenche. Completamente. E isso vai ser pra sempre! Tum, tum, tum, tum, tum...

sábado, 22 de junho de 2013

Pequeno pensamento

Ontem, pela primeira vez levei o carrinho de Teresa pro quarto. Um ato simples, fugaz, mas que ontem, já depois da meia-noite, a pedido da mãe, me trouxe uma sensação de estar chegando a hora. Uma coisa simples, tirar o carrinho da porta-malas do carro, carregar pelo prédio e colocá-lo no quarto de Teresa – que nem cama tem ainda. Um passeio de não mais de 3 minutos e a mente viajou longe. Esse desejo que esteve sempre comigo, essa vontade, agora está tão perto de se realizar. Teresa está ali, fazendo a barriga da mãe crescer cada dia mais. Junto, dentro desse pai, cresce o querer, a expectativa, o amor. 

terça-feira, 18 de junho de 2013

Protestos

Quero que Teresa cresça apaixonada pala participação política. Quero que ela tenha consciência social e política. Tenho medo de gerar uma filha alienada, uma vaquinha de presépio. Eu me lembro do tempo em que ia aos comícios das primeiras eleições diretas para Governador, do Movimento das Diretas Já e da minha camiseta amarela, lembro da minha tristeza com a derrota das Diretas e da minha indignação ao perceber que, na minha sala de aula, meus colegas não davam a mínima para isso. Tirei meu título para votar pela primeira vez junto com meus pais. Estava nas primeiras reuniões que geraram a primeira passeata dos caras pintadas. No dia do impeachment, acompanhei a votação do Vale do Anhangabaú e subi para festejar na Paulista. Como festejei a primeira eleição do Lula em 2002!

Essa minha paixão, que aprendi com meus pais – nos debates acalorados na mesa de jantar – e que também é da mãe, é o que eu quero para minha filha. Meu desafio será entender as novas formas de ser fazer política. Meu desafio será entender que o mundo pode ser transformar sem a tradicional democracia representativa. Meu desafio é conhecer como as novas formas de diálogo podem transformar tantas reivindicações em realidade.

Sou um cara do século passado, observando de fora do olho do furacão, como o século XXI vai dialogar com o mundo.  Ainda não sei bem como se dará. Isso, vou aprendendo e quero compreender com Teresa, através de Teresa. Para isso, quero despertar na minha filha o sentimento de que podemos mudar sim. O caminho é complicado e não é único, mas a gente encontra junto, como tantas vezes encontrei ao lado dos meus pais. 

domingo, 16 de junho de 2013

Família

Hoje chegamos à semana 28. Teresa já incomoda as costelas da mãe e me surpreende toda a noite. Ainda coloco menos música do que pretendia para ela e sei que tenho que conversar mais com aquela barriga linda. Estar “grávido” é aprender todo dia. Estou crescendo junto com ela e aprendendo muito com elas.

Ontem, Teresa ganhou um grande presente. Um primo! Para quem cresceu cercado por eles, para quem aprendeu a ser filho de vários pais, sei que para minha filha, a presença do “Cleomir” vai ser especial.  Esse é um ano de nascimentos na família. Gu e Pietro vão ganhar outros “irmãozinhos”. A segunda geração que unirá ainda mais os laços entre seus pais. Pode ser em São Paulo, Rio ou na progressiva Mumbuca, nossos laços vão se renovando dia a dia. Sei que eles vão tirar sarro um da cara do outro por causa dos muitos sotaques, mas tirar sarro dos outros é uma tradição familiar.

Daqui do litoral, vendo minha filha crescer, eu penso nos gêmeos que estão logo ali, no Cleomir que chegará um pouco mais tarde e nos outros primos que virão. Penso na farra do Natal na casa da Popô e na bagunça voltando à casa de Caraguá. Imagino as férias de verão, os aniversários, os passeios de fim de semana e desejo que eles tenham a oportunidade que tivemos de crescer sendo uma só família. 

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Rapidinho

Encosto a cabeça no colo da mãe e sinto os movimentos da barriga. Me divirto. Me acalmo. Me sinto como um satélite orbitando ao redor daquela barriga. Ela é meu centro. Meu calmante. Observando e sentindo, me deixo levar e acaba por adormecer. Durmo tranqüilo com Teresa ao meu lado. Isso é bom demais.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Sem noção

Sabe o filme Alien? Sabe quando a barriga da vítima fica mexendo antes de explodir? Bom, sei que a cena é bizarra, mas na quarta-feira fiquei me divertindo olhando Teresa pela barriga da mãe. Hora do lado esquerdo, olha do lado direito. Passei a noite brincando com minha filha. Falando para a barriga, vendo suas reações. Confesso que é bem emocionante e bem diferente de um alien, mas o humor negro do pai – que espero passe geneticamente para Teresa – me permitiu imaginar essa cena bizarra.

Estamos na semana 26. Desde o primeiro ultrassom, pratico o livre exercício de imaginar. As imagens normais ou em 4D revelam algumas coisas sobre Teresa. Do lado de cá, fico feliz com essas imagens que estimulam ainda mais minha curiosidade. Já pensei em muita coisa sobre minha filha. Já a imaginei vestida de R2D2, de Princesa Leia (que espero se torne a princesa Disney preferida), mas essa comparação absurda, ainda bem, só veio nessa quarta. Desculpe, filha!

segunda-feira, 3 de junho de 2013

33 centímetros / 924 gramas

A ultrassonografia de hoje foi especial, apesar da ausência do pai, que infelizmente ficou preso numa reunião no trabalho. A presença da minha mãe, ali do meu lado, de mãos dadas comigo, acompanhando na tela as peripécias da netinha dentro da minha barriga, foi um momento desses que vão ficar pra sempre na memória. O médico percebeu a nossa emoção e fez questão de dizer o quanto era um privilégio contar com as 3 gerações ali, reunidas em nome de tanto amor. E, de quebra, ele destacou que a avó tem aparência tão jovem que nem parece uma vovó!

Do ponto de vista morfológico, tudo certo. Ela continua crescendo dentro do normal. Já está com 33 centímetros e pesa 924 gramas. Quase dobrou de peso nesse último mês! Nas próximas semanas ela vai acumular gordura mais rapidamente, uma vez que o bebê precisa disso para poder se ajustar à temperatura mais fria aqui de fora, em comparação ao lugar tão quentinho em que está neste momento. Essa mesma gordura será fonte de energia e calorias nos primeiros dias de vida. E por isso é comum que recém-nascidos, especialmente os que mamam no peito, percam peso na primeira semana depois de nascer.

Hoje Teresa revelou, ainda que de forma rápida e tímida, seu rostinho. Pelo perfil, confirmou nossa impressão anterior, de ser mais parecida com o pai. Impressionante essa tecnologia, que atravessa camadas e mais camadas de pele e tecidos para mostrar os detalhes do rostinho da nossa filha! Não me canso de olhar a fotinho impressa pelo médico!

Eu continuo gostando de ler sobre o assunto e adorando conversar a respeito. Sei que boa parte da literatura sobre o tema não substitui o famoso instinto maternal e que muito do que pode ser pensado/sentido sequer foi verbalizado. Mas informação me tranquiliza, me dá segurança.

Me sinto ótima, feliz e saudável – apesar da bronca da médica na semana passada, por ter engordado quase 3 quilos num único mês, quando o normal teria sido, no máximo, 2 quilos. Culpa das férias em solo americano, quando tomei café da manhã de princesa todos os dias e comi sobremesa como se não houvesse amanhã. A balança não perdoou.

Preso numa reunião

Hoje não vi minha menina mexer. Estava preso em uma reunião e não pude acompanhar a mãe na ultra. Ela estava bem acompanhada pela avó, mas fiquei chateado. Sei que durante a sua vida, vou perder muitas coisas, muitas conquistas. Isso é do jogo. Faz parte do nosso mundo, cheio de compromissos. Só que quero me esforçar para estar presente na vida de Teresa, como meus pais estiveram presentes na minha. Sei o quanto foi importante isso. Não será sacrifício nenhum. Acompanhar minha pequena no seu crescimento e estar por perto, para quando ela precisar de apoio, de carinho, de um conselho, de um castigo ou de um abraço de parabéns.

domingo, 2 de junho de 2013

Aos 26...

Hoje chegamos à semana 26. Falamos com certa autoridade para os que estão nas primeiras semanas, nas primeiras ultras e ouvimos os que passaram pelas últimas 14 semanas. Durante essa jornada, vivemos cada momento com alegria, cada susto, cada transformação de uma maneira intensa que me surpreendeu. Quando falam que sua vida vai mudar, você não tem noção de quanto, e olha que Teresa nem apareceu por aqui ainda.

Nessas semanas, aprendi muito e descobri que serei cada vez menos eu e cada vez mais nós. Se antes éramos 2, agora seremos 3. Nesse tempo, estamos aprendendo que precisamos de tempo para 3 e, principalmente, para 2.

Aprender é uma das característica da mãe, cercada de livros e informações. Adoro me deparar com ela lendo com a mão na barriga, envolvida num mundo só das duas, buscando se preparar para o que está por vir. Adoro, no meio dessa concentração, ela ser surpreendida por Teresa brincando. A interação das duas me fascina.

Eu vou aprendendo com elas. Olho, admiro, observo, toco e vou pensando que está cada dia mais perto. Não sei como será educar a minha menina. Não sei se a sobrecarregarei com minhas expectativas. Quero ter a sensibilidade dos meus pais. Quero aprender os macetes e as artimanhas que a dona Suely tem para saber bem mais do que queremos contar. Quero chegar aos 80 com uma menina de 40 tão feliz quanto o pai na idade dela.

Sei que tenho muitos planos, sonhos, desejos, mas que meu querer é simples. Quero uma menina com saúde. O resto a gente ensina, aprende junto, vive junto. Esse é meu desejo. Quero para minha filha a vida, com todas suas cores. Dificuldades, a gente aprende a superar. Alegrias, a gente aprende a compartilhar. Afinal, tenho certeza de que amor não vai faltar. Um versinho pobre, de um pai a esperar (rs).