quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Ela e o querer

De repente virou Teresa. Não é mais genérico. Artigo definido a. Pronome Ela. Nome: Teresa! Apelido: Tetê. Olha aí, mãe, já tem apelido!

Depois de saber o sexo, a grande pergunta é: Gostou?  

Na boa, tem como não gostar? É a minha filha! Sinceramente, não tinha preferência. Não acho mais fácil ser pai de menino ou menina. Não acho fácil ser pai de ninguém!  

Não importa se vai ter mais boneca do que bola em casa. Se o rosa vai prevalecer sobre o azul. Quero oferecer à Teresa toda a variação de cores. Quero preencher essa tela com todas as combinações possíveis da aquarela. Misturar as tintas e dar à Teresa a possibilidade do caminhar.

Quero brincar de boneca. Vestir a malha de balé e calçar as sapatilhas. Quero batom na minha cara, os vestidos espalhados pela cama, as Barbies tomando o sofá, a coleções de Capricho pelo quarto e os posters dos Justins pendurados.

Quero que tudo venha misturado com as bolas de futebol, com o quimono de judô, com os pés descalços e sujos de terra, com os bonequinhos do Eddie e as camisas negras com estampa do Ozzy, com as molecagens de escalar muros e árvores e com o aprender a fazer pipas com o avô.

Um novo grande amigo disse que menina é legal porque desperta o lado fofo do pai. Um lado que você só descobre que tem no tratar com elas. Acho que ele tem razão. Quero descobrir isso logo!

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

É menin...



Acordei hoje diferente. Hoje era o dia da translucência nucal. Não pensei muito nesse exame, mas quando entrei no consultório do médico confesso que fiquei tenso. Você nunca pensa que pode ter algo errado com o seu bebê, mas sempre dá um certo medo. Sei lá, passam milhões de coisas pela cabeça. Informações e mais informações, a adrenalina aumenta, é quase como andar de montanha russa.  E ainda de quebra, saberíamos o sexo do bebê. É menin...

Bom, antes do sexo, vamos ao exame. Mais uma vez, fomos ao Marcelo Burlá (dessa vez montamos um esquema especial para o atraso). Antes do exame, ele explicou tudo que poderia acontecer e o que deveríamos ver na ultra. Aí, a adrenalina subiu ainda mais. Saber exatamente o que procurar naquela tela, para mim, foi ainda mais estressante. Mas, não tem como fugir, como uma samambaia, rumei para a cadeira do pai e fiquei lá, pronto para tudo, segurando a mão da mãe.

Logo na saída, um susto! Estava tudo lá. Um bebê completo! Não sei o porquê, mas eu não esperava essa imagem, de um bebê formado na tela. Na outra ultra, era quase um girino perdendo o rabo, mas agora, em um segundo, era gente com braços, pernas, cabeça, etc. E ainda estava mexendo, chutando e pulando. Na liberdade poética de pai babão, o bebê parecia feliz de se revelar aos pais.

O exame transcorreu bem. Burlá pode atrasar, mas sabe passar tranqüilidade demais aos pais. Disse logo no começo que estava tudo bem, que todas as medições estavam corretas e depois escreveu na tela: ”Eu já sei o sexo!”. Na boa, naquela hora isso era só um detalhe. Nosso bebê estava bem e pronto.

Confessa, você não aguenta mais de curiosidade se é menino ou menina, né? Não aguenta mais esse escriba descrevendo sensações de um exame? Você só está aqui, nesse blog, desde o primeiro post, para saber se passarei a chamar o bebê de Francisco ou Teresa, né? Bom, daqui a pouco eu conto.

Voltamos ao exame, e pacientemente, o Burlá mostrou a validação de todo diagnóstico. Vimos o osso do nariz, a membrana da nuca, as mãozinhas, o fluxo de sangue no coração e ouvimos o coração (eu me emociono toda vez que isso acontece).  Eu ali, segurando a mão da mãe e viajando naquele show de imagens e movimentos.

A sensação de que meu bebê estava bem, sendo bem formado, sem nenhum problema já era sensacional! Vê-lo chutar, virar, brincar na barriga da mãe é louco demais. Parece que você está voando, flutuando numa felicidade que não cabe em você. Você tem vontade de tocar naquele serzinho, segurar e enchê-lo de beijos. Dá vontade até de dar um beijo naquele médico gordinho de tão feliz que você está.

Acompanhar o balé do bebê, com suas pernas em posição de iogue, ainda com espaço sobrando para brincar, materializa aquele carinho especial pela barriga da mãe. Nessa hora, você deseja que tempo passe mais rápido, você deseja ter a visão de raio-x do super-homem para ficar ali, olhando para aquele serzinho, quando você quiser, o tempo que você quiser. Quer ganhar dinheiro? Monte uma loja para vender ultrassom do lado de um centro de grávidas. Garanto que você venderá uma por dia, no mínimo.

Bom, no meio dessa viagem, entre a emoção e os inúmeros sorrisos que tomaram contar dos rostos de pai e mãe, o Burlá trocou o aparelho e, do nada, apareceu o bebê em 3D. É incrível ver todos os detalhes assim. Não esperava isso. Até o detalhe do cordão umbilical você vê. Meu bebê ali. Tão perto e tão longe. Muita emoção! Saímos do consultórios felizes, porque nosso bebê está indo muito bem. Faltam 28 semanas e, dia após dia, o mundo vai ficando mais colorido.

É isso! Fim!

Ok, nobre leitor, pare de me xingar! Não vou enrolar mais! Não vou mais ficar com devaneios. Vou focar no prático. Nada de fugas e voltas. Nada de rodeios. Chegou a hora! Vamos ao que todo mundo está esperando! Vamos à resposta definitiva da dúvida das dívidas. A resposta a que todos estavam esperando. A resposta da questão primeira. Qual o sexo desse bebê?

É MENINA!!! A minha menina!

Vou ser pai de uma MENINA! Seja bem-vinda, Teresa!  Muito bem-vinda!

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Monotemático

Não adianta! Não importa onde você está, a gestação vai tomar conta das suas conversas por 40 semanas. Amigos, família, conhecidos, desconhecidos, todos têm algo para dizer. Um conselho, uma simpatia, uma observação sobre cansaço, uma receita contra o enjôo, um creme para manter a elasticidade da pele, uma tese baseada na mais profunda ciência sobre o formato da barriga e o sexo do bebê, explicações sobre porque a mãe sente muita fome, porque a mãe está sem apetite, etc.

Nessas 12 semanas, descobri que do momento do anúncio até o parto (e depois também), mães compartilharão todas as suas experiências. Não-grávidas mostrarão toda a sua curiosidade. Pais contarão todas as suas poucas funções nessa jornada e o mundo em sua volta vai rodar em função do seu bebê (hoje promovido a um limão).

Quer um papo sobre futebol, política, mulher, cinema, música? Sem chances! Não tem como! Esses são assuntos que não te pertencem mais!  Vocês agora são pai e mãe. Pai e mãe de primeira viagem! Pai e mãe que têm muito que aprender! Pai e mãe que têm muito que escutar.  

Problema? Nem um pouco. Isso não é uma reclamação, é uma constatação. Nessa fase, o tom monotemático da vida é só uma impressão. As mudanças acontecem a cada momento e, quando você menos espera, lá estão vocês, pai e mãe de primeira viagem, compartilhando suas sensações também. Passando horas, curtindo o mais delicioso dos papos monotemáticos.



sábado, 23 de fevereiro de 2013

Natural, inatural

Alguém consegue me explicar por que é tão difícil encontrar um médico que tenha paixão por parto normal? Somos filhos de mães de parto normal e a mãe está disposta a vivenciar a dor do nascimento, mas encontramos dificuldade de achar um obstetra que garantisse que tentaria o parto normal e nos passasse segurança.

Em 2010, o Ministério da Saúde registrou 52% dos partos brasileiros como cesarianas. Pela primeira vez no Brasil, o número de cirurgias passou o número de partos normais. Esse número é ainda mais grave quando vemos que na rede privada de saúde o índice de cesáreas é de 82% - em alguns hospitais, esse número beira os 100%. Vale destacar que a OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda uma taxa em torno de 15% dos partos.

Será que quase todas as mulheres não querem sentir a dor do parto? Será que todas tiveram problemas no parto? Como nascia tanta gente antes dos médicos? A prática do parto como um evento hospitalar “nasce” na metade do século XX.  Por que estamos fazendo tantas cesáreas?

Muitos são os fatores: comodidade, estética, a dor do parto, o medo do parto normal machucar o bebê, a possibilidade de falta de vagas nos hospitais e até a violência urbana. É assustador saber que quase a totalidade das mulheres que tem plano de saúde faz cesárea. Isso rende mais ao plano. Mais assustador é saber médicos cobram mais pelo parto normal, já que o “trabalho” é maior. Vamos para o prático e rápido, assim fica mais barato.

Mais grave é saber que existem pessoas pensando "nem chegou a hora, mas quero marcar o parto porque não tenho tempo para esperar a natureza". As intervenções chamadas  de “cesáreas eletivas” , em que a mãe agenda o dia do nascimento e o bebê nasce sem que ela entre em trabalho de parto, são comuns no Brasil. Só que essa prática pode provocar problemas com o aumento de recém nascidos em UTIs devido a prematuridade e o baixo peso do feto. Um estudo realizados em 3 cidades brasileiras, em 1994, revelou taxas de cesariana de 50,8% em Ribeirão Preto; 33,7% em São Luiz (1997-1998), e 45,4% em Pelotas (2004). A proporção de prematuridade foi de 12,5%, 12,6% 15,3%, e de baixo peso ao nascer 10,7%, 7,6% e 10%, respectivamente.

Outra razão apontada pelo Ministério da Saúde para o elevado número de cesarianas se dá pela relação assimétrica entre médio-paciente, que dificulta a participação da mãe nas escolhas do parto. E é esse tipo de relação que estamos procurando. São muitas as histórias de médicos que dizem que fazem o parto normal e, encontrando um problema no caminho, partem para a cesariana. E queremos alguém que nos passe segurança.

Não somos adeptos ao parto na banheira, em casa, na sala de estar, com incensos e músicas indianas. Não é isso que procuramos. Sabemos que em vários casos, os riscos à criança e a mãe levam a uma inevitável cirurgia.

Várias amigas, que queriam ter filho de parto normal, passaram por isso. É do jogo. Só queremos ter a certeza de que vamos encontrar um médico que esteja disposto a enfrentar 12 horas de trabalho duro e não uma cirurgia de 2 horas. Que tente o que é possível e que não minta para nós, só para sair mais cedo do trabalho.  

Ainda bem que temos uma rede de amigos e, na segunda-feira passada, encontramos uma médica pronta para enfrentar o parto do nosso lado. Mãe segura, pai seguro e um pouco mais prontos para as surpresas da sala de parto.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

E se terminar no BBB

Existe medo. Toda vez que aparece o BBB na televisão eu me pergunto: E se meu filho terminar no BBB? Na boa, essa idéia tira meu sono. Não me vejo na platéia do BBB 45 torcendo pelo Bento não ser eliminado. Não me vejo atendendo o telefone do TV Fama para falar como foi a infância da Teresa. Não quero ver os porres e as burradas deles espalhadas em rede nacional.

Gente, educar é uma coisa complicada, é uma das coisas sobre as quais eu e a mãe mais conversamos. Como criar uma pessoa? Como evitar seus erros? Como passar a paixão pelos livros, pelo saber, pelos esportes, pela vida e não cair na coisa fácil da fama, do deslumbre? Como evitar que ele termine no BBB ou em coisa bem pior?

Eu sei que meu filho vai fazer uma porrada de merda. Todos fizemos, fazemos e faremos (em maior ou menor grau) durante toda a nossa vida. Com toda a educação que meus pais me deram, eu, muitas vezes, fiz coisas erradas sabendo que eram erradas. Ninguém é santo totalmente e crescer é arriscar, testar limites e assumir seus erros. Não quero alguém  perfeito – nunca vai existir alguém assim – mas quero um ser humano responsável  e consciente.

Quero conseguir ensinar que os seres humanos são medidos pelo seu caráter e não pelas cosia que tem. Que somos diferentes e que temos que respeitar nossas diferenças. Que um pequeno gesto, uma pequena atitude tem valor. Que o mundo pode ser transformado e que uma pessoa pode começar essa transformação. Que conhecimento nunca é demais e que esse conhecimento está nas pessoas (de doutores e analfabetos). Que quanto mais você sabe, mais você está pronto para o mundo e quanto mais você sabe, mais você deve aprender. Que nos momentos de erro, um homem tem que saber assumir as conseqüência de seus atos.

Posso estar querendo muito, mas acho que essa é a função de todo pai. Sei que grande parte do meu querer passa pelo meu fazer. Sei que isso passa pelo meu exemplo, pelos meus atos, pela minha conduta de vida. Responsabilidade gigantesca. Mas tenho uma grande parceira ao meu lado, pronta para caminhar junto nessa tarefa. Não vai ser fácil, mas se ele não terminar no BBB já vou ser um cara feliz. 

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Rápido e devagar

É engraçada essa variação do tempo. Em algumas horas tudo parece estar passando bem rápido, os acontecimentos estão acelerados, um milhão de informações para digerir; mas há momentos em que o tempo parece estacionado, parado, imóvel e o final dessa jornada parece estar ainda tão distante.
 
O leve crescer da barriga dela embala meus dias. Do sofá, vejo seu corpo transformar, enquanto a vida vai mudando, pouco a pouco. E eu vou saboreando todas as sensações, os sabores, me encantando com as cores desse quadro, com a melodia dessa música, com a absoluta alegria de me transformar em pai.

Preguiçoso, esticado no sofá, sou Dorival Caymmi observando o vai e vem do meu mar. 

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Música para criança não precisa ser imbecil

Sou um cara apaixonado por música. No sinaisdefumaca.zip.net quase todo post é sobre música. Adoro tanto que continuo insistindo em tocar violão, mesmo sem nenhum talento.

Na boa, sei que parece meio ridículo, mas me preocupo muito com o que meu futuro filho vai ouvir. Você leitor pode dizer: “Tem milhares de coisas mais importantes com que você deve se preocupar”! Está certo. Você tem toda razão. Mas pra mim, música é fundamental.

Tenho certeza que não vou conseguir escapar da contaminação da Galinha Pintadinha da época, mas não precisa ser só isso. Tem tanta coisa feita para criança de valor e talento. Ele não precisa saber contar com a Xuxa. Não Mesmo! Eu aprendi com o Vila Sésamo.

Ele não precisa ser fã do Patati Patatá (o Coringa é um palhaço bem mais legal!), Carrossel e outras coisas terríveis. Ele pode crescer ouvindo “A Palavra Cantada". Sandra Pires e Paulo Tatit conseguem fazer coisas lindas, criativas, gostosas e nem um pouco idiotas.



Ainda tem o projeto “Pequeno Cidadão” com o peso de Arnaldo Antunes, Edgard Scandurra, Taciana Bastos e Antonio Pinto. O CD tem uma qualidade incrível e músicas que hipnotizam a garotada para o bem. Os clips são deliciosos.



E tem surpresas também. Eu odeio Adriana Calcanhoto, mas Adriana Partipim é do grande cacete. Ela transcende. Nada de lamentações de dias nublados, agitação e boa música, com todas as referências possíveis.



A avó paterna, sabendo da fixação do filho por música, deu de presente pro Bento “Paralamas para Bebê”. O pai foi guardando coisas pela vida para quando esse momento chegasse. Coisas como “A arca de Noé”, “Plunct, plact, zum” e “Castelo Rá Tim Bum”.



Para mim, a maior prova de que a música pode ser genial e pode agradar adultos e crianças vem de um dos meus grupos preferidos. O Pato Fu gravou um CD e depois um DVD sensacional com músicas deliciosas só com sons de brinquedos. O que eles fizeram em “Música para Brinquedos” é impressionante.



E é isso que quero para meu filho. Quero que ele se apaixone pelo ruídos do seus brinquedos e descubra a música desde o útero. Quero que ele explore instrumentos, melodias, descubra métrica e rima brincando. Quero que ele ouça todo esse time acima e muito mais. E para incentivar ainda mais, o pai já fez o primeiro set list do bebê com as versões originais de Beatles, Ramones e Iron Maiden. 

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Amigos

Bento ou Olívia terão vários amigos. Filhos dos meus amigos, filhos dos amigos da mãe. Gente que está grávida de 3, 8, 14, 18, 29, 34 semanas. Crianças que nascerão nesse ano e que crescerão com ele(a). Não vejo a hora de trocarmos fraldas juntos, acompanhar o desenvolvimento deles, de compartilhar histórias e causos. De passarmos os fins de semanas na praia, sítio, nas casas uns dos outros. De trocar figurinhas sobre doenças, choros, etc. Seremos as babás de todos, os pais e mães, os tios e tias dessa grande prole.

Cresci no meio de um monte de crianças, mas sempre fui o mais velho (bem mais velho), não tinha esse sabor de gangue. Já a Olívia vai crescer com “irmãos” paulistas e cariocas da mesma idade. Vai conviver com um monte de sotaques, com um monte de informações diferentes, compartilhando brinquedos, papinhas, mamadeiras e muito mais.

E assim, dia-a-dia, Olívia vai se tornar uma menina sensacional, um ser humano melhor e, de quebra, vai dar a oportunidade ao papai e a mamãe manter, por muito mais tempo, os deliciosos laços que nos unem com familiares e amigos grávidos.

Ela vai aprender que é necessário dividir, que todos merecem respeito, que nada é mais legal que ter uma “família” grande e miscigenada, de todas as cores, de todos os sotaques, todas as culturas, credos, preferências, etc. Como esses amigos, Olívia vai crescer, aprender e perceber que o mundo é feito de diferenças e que isso é legal. Mas o principal, é que Olívia vai poder vivenciar que amigos são para a vida.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Ela

Estou por aqui, vendo a barriga dela crescer, vendo o sorriso dela crescer, vivendo, de mãos dadas, dia a dia, as mudança, o passar das semanas, essa loucura de hormônios, esse papo quase monotemático, as pequenas e grandes transformações, os sustos, as agitações, as insônias, os poucos enjoos, os desejos, as vontades, a vida dela e a vida dentro dela.

Cada dia que passa, aprendo um pouco com a mãe. Ela me inspira, me acalma, me fascina, me seduz, me da força e me faz bem. Compartilhamos dúvidas, medos, vontades e a mais completa alegria. Projetamos o futuro, ficamos no eterno exercício do imaginar, profetizar, prever, querer, desejar, etc. Cada momento é um momento diferente. A preocupação cresce, o cuidado cresce, como cresceu meu sorriso.

Ainda temos tanto para descobrir, tanto para compartilhar, tanto para viver. Temos ainda uma jornada longa, que vou levar de mãos dadas. 10 semanas! Faltam 30!

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Neymar, não!

Esse mundo da gravidez é mesmo uma caixinha de surpresas. A notícia do dia é que Neymar vira tendência com o nome do filho. O jogador foi a celebridade que mais influenciou os nomes de bebê no Brasil em 2012. Os mais de 84 mil cadastros do BabyCenter Brasil no ano mostram apenas um bebezinho Neymar nascido em 2012, mas muitos, muitos outros bebês com o nome do filhinho do craque, Davi Lucca, ou então a variação Davi Lucas. O nome Davi Lucca cresceu nada menos que 1.560% em 2012. Ele não constava nem na lista dos 200 mais comuns em 2011, e em 2012 pulou para 87o. lugar no ranking. Davi Lucas, que estava em 137o., disparou 654%, crescendo 90 posições para ir ocupar o 47o. posto no ranking. O sucesso também confirma a consolidação dos nomes compostos, cada vez mais comuns, especialmente para meninos.

E a dúvida da mamãe aqui persiste. Qual será o nome do nosso filho? Hoje almocei com uma amiga (grávida e mãe de uma menina de 3 anos e, portanto, já pertencente a esse mundo louco da maternidade) que me disse conhecer muitos e muitos Bentos, que está “na moda”. Isso me desanimou um pouco. Francisco voltou a ser o preferido? Mas seria Chico ou Kiko? E se for Davi, alguém vai achar que foi uma homenagem ao filho do Neymar?

Samambaia



Caros amigos, não paro de me surpreender nesse caminho de 40 semanas. Ontem, me peguei vendo 3 episódios seguidos de "Boas Vindas”, do GNT, e me emocionando. Sim, caro amigo! Sim! Se você está surpreso, imagine eu? Eu estou vendo GNT!  Vendo um programa sobre partos e ficando emocionado. Acho que os hormônios da mãe estão me contaminando. Não sei mais o que me resta? "Detox do Amor"? "Chuva de Arroz"? "Superbonita"? Nããããão!!! Juro que me dou um chute no saco quando me pegar vendo amarradão “Sessão de Terapia” e prometo me jogar pela janela quando gostar de “Saia Justa”.

Mas não estou aqui gastando seu tempo para falar da programação do GNT. Estou aqui para compartilhar uma epifania nascida nessa hora e meia de “Boas Vindas”. Vendo aquela sucessão de contrações, gritos e partos, concluí que a função de um pai na sala de cirurgia é a mesma de uma samambaia numa sala de estar. Só enfeita e dá trabalho.

Antes que me acusem de insensível, lembro que estou vendo GNT (isso já é prova suficiente de sensibilidade) e que estarei segurando a mão da mãe com o maior amor do mundo quando Olivia ou Bento vier ao mundo. Estarei lá cumprindo minha função de motivador, de companheiro, de amigo, de pai e de samambaia. Só espero não me atrapalhar com as fotos, cumprir todas as funções designadas, conseguir segurar meu filho no colo e não precisar de mais atenção que a mãe. Não dar trabalho. Não quero ser regado e colocado ao sol para não morrer.

Pense bem, meu amigo, olha a função de um homem na hora do parto. Você fica lá, 5, 6, 8, 12 horas ao lado da sua mulher, de perna aberta, gritando e sofrendo de dor, tentando partir um bebê de quase meio metro, fragilizada, sentindo as piores dores da sua vida, por culpa sua e o máximo que pode fazer é dizer coisas como: “Força meu bem!” “Vamos lá, mais uma vez!”, “Isso amor, tá indo bem!”, etc.  Na boa, você é quase um áudio-livro de auto-ajuda (aliás, está ai uma boa ideia: “Frases para o pai na sala de parto”, esse é o título do meu primeiro livro).

Mas tudo bem. No dia do nascimento, como boa e frondosa samambaia, vestirei meu avental e minha touca, verificarei se a câmera fotográfica e o iPhone estarão carregados, segurarei a mão da mãe em todas as contrações e me emocionarei (vou chorar pra caralho!) quando Olivia ou Bento nascer. Mostrarei orgulhoso o rebento ao mundo do outro lado do vidro e caminharei ao lado da enfermeira até o berçário (pra ver se ninguém vai trocar o meu bebê). Tudo sem pressão, sem obrigação, por completo e absoluto amor por essas duas pessoas.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Ontem no cinema

Vendo o Mautner e viajando na voz de Gil.

Politicamente correto

Ontem, ouvindo a CBN (hábito compartilhado pela mãe), me deparei com a notícia que a Volkswagen iria retirar a campanha do Gol chamada “Superstição" porque ela associa um gato perto a azar e o bicho é espantado pela água do limpador de vidro do capô do carro. 

Segue a explicação do caso:

Segundo os consumidores reclamam nas redes sociais, no vídeo, após o motorista estacionar o veículo e o desligar, aparece um chaveiro com um pé de coelho. Então, um gato preto pula no capô e o slogan "não dá para contar só com a sorte" aparece. Para espantá-lo, o motorista aciona o limpador de para-brisas, o que, para os consumidores, estimula os maus-tratos aos gatos pretos, já que eles estão sendo associados ao azar.

Na boa, eu não quero que meu filho cresça num mundo politicamente correto assim.  Quero que ele cresça num mundo de respeito e afeto. Não é uma imagem como essa que vai estimular meu filho a maltratar um animal. Não é porque ele canta “Atirei o pau no gato” na versão antiga que ele vai querer ser um exterminador de bichanos. 

Acredito que exemplo se dê em casa. Valores nascem da educação dos pais e ninguém substitui a educação dada dentro de casa. Não adianta colocar o filho na frente da TV e culpar a programação por tudo. Lembrem-se, você tem o direito de desligar o TV e brincar com seu filho. Mostre o que é uma piada, o que é bom humor, ensine que gatos negros são injustamente acusados de má sorte, explique que muito são sacrificados por ignorância por isso, essa é a função dos pais. Isso dá trabalho, mas é sua obrigação.

Quero que meu filho saiba o que é uma piada e ria. Não quero que ele entre no Facebook contra uma marca de catchup porque filmou a história dos dois tomates atravessando a rua. Eu nunca cantei a versão politicamente correra de “Atirei o pau no gato” e nem por isso fico chutando bichinhos, aliás, minha barriga é morada tranquila dos folgados gatos de minha irmã (será que posso escrever que os gatos são folgados ou estou agredindo os pobres animais?). 

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Sacrifícios

Por essa criança, você fará os maiores sacrifícios!”. Essa foi uma frase muito ouvida nessas poucas semanas. Ela vem como uma profecia, quase o encontro das 3 Bruxas em Macbeth (citação só para parecer pseudo culto). Pois é, para quem está gerando a sua primeira criança, ou apenas esperando a geração (caso do pai), essa profecia é quase um mantra.

E esse mantra se confirmou no domingo, muito antes desse bebê nascer. Se não fosse pela mãe, pelos desejos de grávida, pelos amigos que gostaríamos de compartilhar a notícia, se não estivesse num clima diferente, se a felicidade não transbordasse, não enfrentaria meu primeiro bloco de carnaval em quase 15 anos.

Sim senhores! No domingo, vi a floresta subir a montanha, vi a profecia se concretizar e fui ao Gigantes da Lira compartilhar meu novo estado com os amigos. No meio de uma chuva de confetes, de banho de espuma, com marchinhas entoadas pelo trio elétrico, com crianças correndo pelo chão, suando feito um condeno, eu estava me sentindo bem e feliz com o carinho, cuidado e a felicidades dos amigos foliões e suas proles.

Já me vejo no próximo ano, vestido de homem das cavernas, com Bento ou Olívia no colo – não esperem coerências nos nomes até o registro em cartório – de Pedrita ou Bambam, dançando agarradinho, entre fraldas e mamadeiras. Que venham outros sacrifícios, só não pode ser uma micareta, ai eu deserdo esse bebê.

PS: Resolvi o problema dos comentários. Agora está liberado para todos. Comentem!

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

9 semanas

Essa semana é muito importante. O site-guru baby center informa que os pulsos estão mais desenvolvidos, os tornozelos já se formaram e os dedos das mãos e dos pés são claramente visíveis. Os braços vão ficando mais compridos e já se flexionam nos cotovelos. É muita coisa, embora ainda tão pequeno. Ao fim da semana, as estruturas internas dos ouvidos estão concluídas. O site diz ainda que, “com nove semanas de gravidez completas, entrando na décima, você pode estar com a impressão de estar ficando maluca. Um dia está feliz da vida, no outro de péssimo humor.” Ufa, é um alívio saber que é um sintoma geral e não apenas coisa da minha cabeça. Eu, que sempre fui centrada e tranquila, justamente por isso estranho essa instabilidade emocional. Mas se faz parte, faz parte. Vamos em frente! Ainda bem que o pai é bastante parceiro e paciente!

Avós

A semana passada foi agitada mas muito feliz. Visita da avó e da bisavó paulistas no início, e no final da avó gaúcha. E aí eu fui percebendo que um futuro bebê traz alegria não só pros pais, mas pra todos os que estão ao nosso redor. Não que eu já não soubesse disso, mas foi a vez de sentir esse carinho “ao vivo”, pela primeira vez. Coisa mais linda ver essas pessoas tão (ou mais!) empolgadas do que a gente. E particular é também a boa e feliz sensação que surge a cada amigo com quem compartilhamos a notícia! Bem vindas todas as boas energias em torno da minha barriga!

Minha mãe me deu um presente especial. A aliança dela de casamento. Uma forma de ela e meu pai, que morreu quando eu tinha 5 anos, estarem comigo nesse momento. Desde então, não tirei mais do dedo. Um símbolo de proteção pra Teresa/Francisco/Olívia/Bento/Davi ou sei lá mais qual outro nome vamos cogitar nos próximos meses.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Você nunca mais vai dormir!

Eu achei que essa profecia só se concretizaria daqui a 32 semanas, mas me enganei. Essa foi uma semana agitada, principalmente para a mãe, e cada vez que ela se mexia na cama, eu acordava preocupado.

Muito estranho. Ela passa o dia com sono. Onde encosta, dorme. Mas, no meio da noite, parece que o sono some e as pulgas atacam. Culpa dos hormônios! Essa coisa poderosa que muda uma pessoa, que a deixa com frio, que faz com que ela fique menos atenta, que a transforma em um zumbi e que vai mudando, dia-a-dia, o físico e o psicológico.

No meio desse turbilhão, o papai aqui fica preocupado porque ela não dorme direito, porque ela está cheia de coisas pra fazer, porque o stress do trabalho entra nesse jogo louco de tantas preocupações e alguns sustos, que, no final não eram nada, mas que precisaram de mais hormônios!

Preocupação. Uma das poucas coisas que o pai pode compartilhar. Depois do exercício livre de imaginar meu filho no ultrassom, depois de ouvir os batimentos do coração, cada variação da mãe é um fator para ficar atento, alerta, em prontidão. O pai não se transforma fisicamente – até porque se a minha barriga crescer mais eu tô ferrado – mas tem que um sentido de protetor da matilha.

Só que tem horas que não dá para fazer muita coisa. Apenas torcer e dar carinho. Segurar a mão, preparar um sanduíche e dizer que tudo vai ficar bem. Ficar do lado nos momentos de tensão, mimando, ninando e tentando ser o  homem mais corajoso que ele jamais foi.

Nesse jogo de 40 semanas, já sei o meu papel: Torcer! Desde o começo, torcer! Para que o espermatozoide encontre o caminho. Para que tudo aconteça tranquilamente. Para que ela não tenha nenhum problema durante esses nove meses. Para que o sono volte, assim como o frio e a concentração. Para que ele venha com saúde. Para que o tempo passe e para que em 32 semanas, o choro mais lindo do planeta de início a uma nova fase, uma nova vida, e ai sim: eu nunca mais vou dormir. 

Vídeo da titia para a mamãe