quinta-feira, 28 de março de 2013

O gosto da vida

Oi, filha! Enquanto você cresce em ritmo acelerado dentro da minha barriga, o mundo aqui do lado de fora anda agitado. Estamos ajeitando a vida e a casa para a sua chegada. Já consigo imaginar você entre a gente, interagindo aos poucos com todos ao nosso redor. Nessa semana nasceu um amiguinho, filho de uma grande amiga minha, que já é mãe de duas gêmeas fofoletes. Foi uma delícia visitar o Guilherme na maternidade e imaginar que em breve será a nossa vez de presenciar seu nascimento.

Hoje você pesa pouco mais menos de 200 gramas e mede cerca de 13 centímetros. Estamos entre a 16ª e a 17ª semanas. Sei que nos próximos 20 dias você vai passar por um grande estirão, dobrando de peso e crescendo vários centímetros. Seu sistema circulatório e urinário estão em plenas condições de funcionamento, você inala e exala líquido amniótico pelos pulmões. Com a ajuda de um estetoscópio especial, já dá para escutar seus batimentos cardíacos. Poucas coisas são mais reconfortantes e emocionantes que ouvir o ritmo acelerado do seu coraçãozinho!

Outra coisa que está se desenvolvendo é o seu paladar. Lemos que existem estudos mostrando que os sabores dos alimentos consumidos pelas mães grávidas podem, de alguma forma, influenciar o tipo de comida que você vai gostar no futuro. Tenho me empenhado em explorar os sabores, para que você venha a apreciar as coisas mais gostosas do mundo, sem nenhuma frescura! Agridoce, apimentado, amargo, azedo, salgado, frutas das mais ácidas e cítricas às mais suaves. Seus pais têm um tipo muito parecido de preferência alimentar. Tomara que você entre pro mesmo time e também dê um viva à pizza de pera com gorgonzola, ao sanduíche de queijo brie com geleia de damasco, ao rosbife com chutney de manga e mostarda preta.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Macho Alfa

Será que eu vou ser assim?




Pai de menina. Para o mundo troglodita, você vira fornecedor. Foram alguns comentários assim. "Agora você vai pagar pelo que fez". Eu? Pagar? Na boa, quero muito que Teresa seja uma pessoa feliz em todas as áreas, incluindo a sexual.

Só tenho medo desses tempos. Dos babacas que rondam por aí, com suas câmeras de celulares. Fazemos coisas quando amamos das que podemos nos arrepender depois. O problema é que, hoje, todos estão expostos a câmeras escondidas e celulares. As merdas são mais vistas e podem ser compartilhadas. Uma bobeira e tudo fica aqui, na rede, ao alcance do Google.

Antigamente, as merdas se transformavam em causos contados nos churrascos por amigos para amigos por anos seguidos. Velhas histórias eternizadas na cultura verbal, no subconsciente coletivo. Hoje, elas são abertas para todos, eternizadas em vídeo, com qualidade HD e eternizada em bits.

Essa é uma realidade que Teresa vai ter que enfrentar. Essa superexposição virtual que vivemos mesmo sem querer. Dê um Google no seu nome e veja quantos registros existem sem você saber. Qualquer descuido está lá. Como pai, o maior desafio é mostrar à minha filha que esses riscos existem e torcer para que quando ela fizer uma merda – afinal, todos fazemos merdas – que isso não se torne público.  

É, o que começou como piada se tornou um papo sério. Então, só para relaxar, vou começar a estocar esmalte azul. 

sexta-feira, 22 de março de 2013

Pela tela

Oi! A gente se encontrou de novo! Eu desse lado, você aí dentro. Te vi pela tela mais uma vez. Adoro isso. Esses encontros são tão gostosos. Adoro te olhar, me perder dentro dessas milhares de emoções que me tomam.

Você cresceu menina, 12 cm, já não cabe inteira no tela do aparelho, mas continua agitada e saltitante. Tão saltitante que deu trabalho para a médica. Você não estava muito a fim de mostrar esse corpinho de 150 gramas, queria mesmo era pular e se espreguiçar, e a doutora tentando te convencer a virar e ficar quietinha, para fazer todas as medições.

Bom te ver aí dentro, crescendo, pulando, brincando. Bom ouvir da médica que está tudo bem, tudo normal. Bom demais ver seus braços, pernas, cabeça, coluna, rins, estômago. Cada pedacinho do seu corpo, na tela, sendo medido, mapeado, mostrado.

Hoje nosso encontro foi ainda mais gostoso e especial. A sua avó estava lá, encantada, chorando (alguém tinha alguma dúvida?), com um sorriso enorme, vendo seus dedinhos, seus movimentos. Foi legal ver o amor que você desperta, ainda pela tela, em todos nós. Os sorrisos de sua mãe e de sua avó nesse encontro dão gosto à vida.

Cresce, menina! Aproveite essa viagem. Brinque com a sua mãe, encante seu pai e deixe todos felizes pelo simples fato de você existir. Essa vai ser uma viagem rápida, aproveite aí dentro, porque, aqui fora, estamos todos curtindo demais.

segunda-feira, 18 de março de 2013

37,5 %

15 Semanas. 37,5% do download concluído. Feliz por me sentir mais disposta, menos sonolenta. É muito bom ter recuperado as energias!

O fim de semana foi festivo. A barriguinha já começa a dar as caras, e Teresa foi bastante acariciada pelos amigos com quem encontramos em duas festas de aniversário. Algumas pessoas chegavam para cumprimentá-la antes mesmo de falar comigo. Ok, já entendi. Agora a barriga é território de domínio público. 

Ela deve ter gostado do contato com o pessoal e da serenata musical que o pai fez ontem à noite ao violão, pois hoje senti pela primeira vez uma espécie de pontada na barriga. Na conversa com a obstetra, ela esclareceu que isso é normal. Provavelmente a mocinha está brincando com o cordão umbilical. Fiquei aqui imaginando essa cena. Que coisa mais fofa, né?

sexta-feira, 15 de março de 2013

Ao pé do ouvido

Oi Teresa, aqui é o papai. Vou te apertar um pouquinho, mas é só para ficar mais perto de você, afinal, quem tem esse privilégio o tempo todo é a mamãe. Deixa eu me encaixar aqui, me virar pra você e falar que estou por aqui, do lado de fora dessa barriga, esperando esse tempo todo para te conhecer. Enquanto a gente não se vê, não conversa diretamente, deixa eu falar com você aí dentro. Você sente a vibração da minha voz? Seu pai fala enrolado mesmo, se não estiver entendendo, dá um chute. Na verdade, eu quero aproveitar essa posição para falar que eu to muito feliz de você estar por aí e que nada poderia ser melhor. Eu sei que to te apertando um pouco, mas é carinho (um carinho meio estranho, mas carinho). Teresa, daqui a pouco eu vou dormir, dormir te contando uma história. Sabe que seu avô fazia o mesmo com a gente? Ele se perdia com os livros e ficava na mesma página horas, relembrado o que tinha que fazer no dia seguinte. A gente ria demais. Não vejo a hora de saber como é a sua risada. Bom, filha, que história você quer ouvir? Vou imaginar várias, é só escolher. Hoje tem a história de um pai babão, falando com uma barriga, com o sorriso bobo e falando, falando, falando... Meio ainda sem saber como fazer, mas eu sei que vou ficar melhor com o tempo, tá? Beijo, beijo filha, daqui a pouco a gente conversa mais.

domingo, 10 de março de 2013

Cabelos e passado

Pelo e-mail, o guru eletrônico do Babycenter me avisa que Teresa já tem cabelo. No meio do caos do plantão, essa notícia me provoca um sorriso e o pensamento: Como serão os cabelos de Teresa?

Eu nasci loiro de cabelos lisos. A mãe tem os cabelos quase de índia. Será que nossa menina vai nascer com cabelos lisinhos? Ou será que os genes espanhóis de Dona Maria e libaneses do Seu David vão imperar? Se for assim, Teresa vira com os cabelos negros e cacheados.

Bom pensar nisso. Agora, quase no fim do plantão, quando finalmente tive um tempo para preencher a tela branca do computador com pensamentos e devaneios, lembrei de minha bisavó lavando os cabelos. Era uma das poucas vezes que víamos a Dona Maria com os cabelos longos soltos – geralmente estavam guardados numa redinha. Uma lembrança que pode parecer banal, mas que despertou, além de saudades, a gostosa sensação de ter minha avó por perto, olhando por Teresa. Afinal, ela foi a primeira a saber que era menina, né?

No fim desse domingo, saio do trabalho leve e feliz, tomado pela alegria de saber que minha filha, com suas 14 semanas de formação, tem o poder de me transportar para os lugares mais especiais. 

sexta-feira, 8 de março de 2013

Bailando

Teresa é uma festeira. Quando ainda era “sementinha”, ela foi ao seu primeiro show. Para a estréia, escolhemos o Circo Voador com Criolo. Show de responsabilidade, com o melhor sotaque paulista do pai e uma forte carga emocional para nós 3. Com a casa lotada, protegida de esbarrões, ela se comportou bem.

Em fevereiro, Teresa encarou uma maratona na Marques de Sapucaí, num dos raros desejos da mãe. Mais uma vez, a menina mostrou que tinha fôlego, só abandonando a passarela do samba no fim dos trabalhos.

Ontem, Teresa, minha baladeira em formação, voltou ao Circo para conhecer um pouco mais do gosto do pai. Em uma noite especial, levei minha pequena filha para conhecer um pouquinho dos sensacionais mexicanos do Café Tacvba.  

Durante o show, fiquei imaginando minha pequena filha se virando na barriga da mãe, embalada pelo rock, ska, baladas e eletrônicos desses mexicanos. Fiquei imaginando os sentimentos intra-uterinos que passávamos paras nossa pequena enquanto bailávamos pela pista do Circo.

Foi uma deliciosa noite de verão, regada a água por parte de minhas mulheres, com direito a muita dança, risos e felicidade. Lá pelas duas da manhã, o cansaço bateu forte na mãe, mas ela resistiu até o fim, hora vendo o show sentada, observando, hora dançando com leveza e o mais gostoso sorriso.

Nessa festa, quase todo tempo, nós aqui do lado de fora, nos pegávamos imaginando o que se passava com Teresa no encontro dessas deliciosas ondas sonoras com seu mundo aquático. Será que nas mais pesadas Teresa pulava com força, balançando a cabeça? Será que nas lentas ela relaxava e se deixava levar pela movimentação das ondas que a envolve? Não tenho as respostas, não tinha uma máquina de ultrassom no Circo, mas tenho a certeza, que ela estava gostando muito, porque o show foi bom demais.

Já disse aqui, quero muito que Teresa ame a música. Para passar um pouco da minha paixão e dos meus sentimentos, estou montando o set list dos sons que vou tocar para minha filha, ainda na barriga da mãe. Quero, na segurança e no calor do útero, que Teresa se encante e se deixe embalar pelas harmonias que construíram parte da personalidade do pai. Que aproveite e surfe, em sua gravidade própria, as mais belas ondas.

Depois, quando ela nascer, a coisa vai ficar mais séria. Já avisei a mãe: 22 de setembro, Teresa tem seu primeiro compromisso social. Ela vai rumar com o pai para a Cidade do Rock, vestida com um body preto do Eddie (alguém sabe onde posso comprar?) pronta para cultuar o Maiden.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Mais uma na Turma

Será que ela vai rir do Cebolinha como eu? Será que ela vai amar as expressões do Cascão? Terá um vestido vermelho como da Mônica, ou será comilona como a Magali? Não sei, mas espero que ela se apaixone pelos traços do Mauricio.

Esse cara é responsável pela alfabetização, pelos sonhos, pelo riso, por abrir a porta da leitura, do desenho, da criatividade de milhões de brasileiro. Até hoje, tenho uns exemplares do Almanaque do Mônica espalhados pela casa. Adoro os traços, as expressões, os roteiros, o virar de páginas e gargalhar com os planos infalíveis do Cebolinha e descobrir como o Cascão vai estragar tudo.

Quero estimular Teresa a descobrir o mundo das palavras e se apaixonar por essas letras pretas e brancas. Sei que ela vai poder ler nas telas dos tablets, computadores, óculos e até no cyber espaço, mas quero que ela tenha um pouco de traça no sangue e se apaixone pelos velhos livros amarelados, que povoam as estantes do pai e da mãe.

Que Teresa mergulhe nesse ambiente e fique viciada em descobrir novos personagens, novos mundos, novas histórias, todo dia. E para atender esse desejo, vou  usar minhas armas e abusar da magia do senhor Maurício para despertar essa paixão. Tomara que não termine como em um plano infalível.

terça-feira, 5 de março de 2013

Imagens e movimentos

As imagens da última ultrassonografia não saem da minha cabeça. Aquela mini-pessoa pulando, virando de lado e com gestos involuntários que parecem sustos, mexendo os bracinhos e pernas, fazendo a festa aqui dentro da minha pança aparecem em meus pensamentos milhares de vezes durante o dia. A cada movimento que faço no mundo de fora, fico imaginando o que ela estará fazendo lá dentro. Pelo que li, a essa altura (13 para 14 semanas) o bebê já tem soluços, balança pernas e braços por conta própria, consegue engolir, flexiona e vira a cabeça, traz as mãos até o rosto, abre a boca, se estica e até boceja! A partir da semana que vem, a graça será movimentar os olhos.

Mal posso esperar pela hora de começar a sentir essa presença. Uma amiga já mamãe disse que a sensação começa como uma pequena borboleta batendo as asas dentro da gente. Eu reconheci essa descrição como o que sentimos quando estamos apaixonados. Fiquei, então, pensando que deve ser como estar apaixonado e ainda algo a mais, com uma presença física, concreta, de alguém por quem eu já sou completamente apaixonada.

Dizem que os movimentos são percebidos entre a 16a e a 22a semana, ficando cada vez mais fortes e com jeito de chutinhos com o passar do tempo. E que mães em sua primeira gravidez talvez demorem um pouco mais para perceberem, justamente porque se trata de uma sensação totalmente nova. Mas sei que a primeira vez que eu sentir a Teresa será um marco na gravidez. E depois aqueles movimentos tão levinhos virarão chutes vigorosos, ótimos para mostrar que tudo vai bem dentro da minha barriga.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Brincar de aprender

Em nome da curiosidade, fiquei de cabelos arrepiados ao tocar num gerador de 600 mil volts. Tudo para despertar a curiosidade nos meus pequenos companheiros de fim de semana. Foi muito bom meu passeio pelo museu de ciência da PUC do Rio Grande do Sul. Foi muito gostoso ver a curiosidade dos meus pequenos companheiros explorando os "brinquedos" do local.

Tenho certeza de que algumas dessas brincadeiras voltarão a mente deles quando forem estudar Física. Vão se lembrar da cadeira de equilíbrio, do telefone sem fio, da sensação de um terremoto, de como os átomos se quebram e até daquele tio barbudo de cabelos elétricos. Aprender de uma forma divertida, isso é demais!

Quero que Teresa aprenda assim. Que tenha prazer no conhecer. Que descubra o mundo e explore as possibilidades. Quero poder estimular o prazer do aprender. Não estou falando apenas do conhecimento formal, do aprender na sala de aula. Quero que minha filha descubra – muito cedo, de preferência – que o mundo tem lugar para a criatividade e que a criatividade nascer do aprender.

Bióloga, matemática, médica, advogada, artista plástica, atriz, presidenta, jornalista, cineasta, física, modelo e manequim, participante de reality (não!!! aí é demais!), não importa o título, quero poder passar para Teresa que cultura e conhecimento nunca serão demais. Se conseguir, serei um cara feliz. 

sexta-feira, 1 de março de 2013

Vestido - a expansão do meu universo

O primeiro vestido chegou em casa. Ainda bem que não é de noiva! Isso ainda falta muito tempo. Voltando ao vestido, ele veio numa caixa de presente, é lindo, bem menina (Obrigado, tia Camila!) e tornou ainda mais real Teresa.

Ontem, depois de rever a ultra e babar vendo Teresa “brincar” na barriga da mãe, fiquei pensando na minha filha com o vestido e nos meses que virão. Jogado no chão da sala, com a mãe fazendo companhia desmaiada no sofá, me deixei perder na sensação de ter Teresa na minha vida.

Provocado pelo vestido que repousava ao lado da mãe, me perdi na concreta emoção do que está por vir. Bom demais ser tomado do nada por essa sensação de ser pai. Ser contagiado pela deliciosa ansiedade de querer ver Teresa logo. Nervosamente tranqüilo, fiquei imaginando as bilhões de ligações que vamos ter e adormeci feliz.

Serei pai de uma menina! Espero que a experiência de crescer cercado por duas avós, uma bisavó, uma tataravó, algumas tias avós, várias tias e uma porrada de primas, me ajude. Em janeiro vivi meu Big Bang. Na quarta-feira, comecei a perceber o caminho da expansão do meu universo. Agora, é surfar essa onda e saber que tenho uma vida de aprendizado pela frente.