terça-feira, 10 de março de 2015

Leva um agasalho!

Tá frio! Coloca um agasalho! Esse é o conselho de toda a mãe para seu filho. Quando a gente é o ouvinte, acha sempre um exagero e não leva coisa nenhuma, só que quando passamos para a outro lado e assumimos o papel de mensageiro é que entendemos porque todas as mães falam isso. É o poder do zelo. Algo marcado no subconsciente.

E não importa a idade. Semana passada, minha avó de 80 anos viu a foto da minha mãe na neve e mandou WhatsApp: “Coloca o agasalho, filha! Tá frio". São 80 anos falando a mesma coisa. A mesma frase que minha mãe falou para mim e que eu, ou a mãe, vamos falar para nossos filhos. Não tem como.

Parece que isso se deu quando o homem matou seu primeiro tigre dente de sabre. Com a sobra da pele do animal, a mãe neandertal cobriu seu filho e aí nasceu esse traço de personalidade que permeia todos os 7 bilhões de humanos. E não importa se é no frio ártico com os esquimós ou no desértico Saara, sempre vai ter uma mãe pedindo para seu filho colocar o maldito agasalho, que à noite vai esfriar.

Por esse impulso quase natural, me pego arrumando a mochila de Teresa para a creche todo dia e colocando sempre uma calça e um agasalho, afinal, o tempo sempre pode mudar. Não importa que, conscientemente, eu tenha a clara visão que uma mudança de tempo no Rio de Janeiro signifique cair de 40 para 25 graus a temperatura no verão, e que em apenas duas semanas do ano esse agasalho se justifique na mochila – semanas que Teresa já sairá de casa com ele.

E com a chegada do segundo filho isso não vai melhorar. Será apenas mais uma mochila sendo arrumada com mais um casaco inútil. Não tem como, por mais que meu consciente brigue por esse espaço preenchido na mochila, não consigo tirar o casaco de lá e, sempre que o tempo muda, mesmo estando 35 graus na chuva, penso que deveria ligar para a creche e pedir para a Teresa colocar o casaco. 

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