Tá frio! Coloca um agasalho! Esse é o conselho de toda a mãe para seu filho. Quando a
gente é o ouvinte, acha sempre um exagero e não leva coisa nenhuma, só que quando
passamos para a outro lado e assumimos o papel de mensageiro é que entendemos
porque todas as mães falam isso. É o poder do zelo. Algo marcado no subconsciente.
E não importa a idade. Semana passada, minha avó de 80 anos
viu a foto da minha mãe na neve e mandou WhatsApp: “Coloca o agasalho, filha!
Tá frio". São 80 anos falando a mesma coisa. A mesma frase que minha mãe falou
para mim e que eu, ou a mãe, vamos falar para nossos filhos. Não tem como.
Parece que isso se deu quando o homem matou seu primeiro
tigre dente de sabre. Com a sobra da pele do animal, a mãe neandertal cobriu
seu filho e aí nasceu esse traço de personalidade que permeia todos os 7
bilhões de humanos. E não importa se é no frio ártico com os esquimós ou no desértico
Saara, sempre vai ter uma mãe pedindo para seu filho colocar o maldito
agasalho, que à noite vai esfriar.
Por esse impulso quase natural, me pego arrumando a mochila
de Teresa para a creche todo dia e colocando sempre uma calça e um agasalho,
afinal, o tempo sempre pode mudar. Não importa que, conscientemente, eu tenha a
clara visão que uma mudança de tempo no Rio de Janeiro signifique cair de 40
para 25 graus a temperatura no verão, e que em apenas duas semanas do ano esse
agasalho se justifique na mochila – semanas que Teresa já sairá de casa com
ele.
E com a chegada do segundo filho isso não vai melhorar. Será
apenas mais uma mochila sendo arrumada com mais um casaco inútil. Não tem como,
por mais que meu consciente brigue por esse espaço preenchido na mochila, não
consigo tirar o casaco de lá e, sempre que o tempo muda, mesmo estando 35
graus na chuva, penso que deveria ligar para a creche e pedir para a Teresa colocar
o casaco.
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