terça-feira, 17 de março de 2015

Um lanchinho

A estreia do programa novo tornou a vida ainda mais agitada e, com isso, a atenção para a barriga vai sendo dada nos raros momentos livres de contemplação.

Chegamos à semana quinze e nosso pequeno zigoto cresce bem, já aprendendo a respirar e provando com a ajuda da mãe sanduíches de pato com mostarda e mel, e cachorro quente de linguiça de cordeiro com dois queijos, mostarda e geleia de framboesa. Gostamos de brincar com nosso paladar e dizem que as crianças aprendem desde essa semana, então, bem apropriado comemorar esse pequeno passo da evolução com um jantar diferente e uma taça de vinho. Há dois anos isso deu bem certo e hoje nossa filha ataca tudo o que vem pela frente; nada melhor – e mais saboroso – que educar nosso próximo filho da mesma maneira.

O informativo das semanas disse que os órgãos genitais externos podem estar desenvolvidos o suficiente para ser distinguidos pelo ultrassom. A nossa próxima está marcada para o dia 23. Aí, esperamos chamar nosso filho pelo gênero – por mais antigo que isso pareça –, já que pelo nome ainda vai demorar um pouco.

terça-feira, 10 de março de 2015

Leva um agasalho!

Tá frio! Coloca um agasalho! Esse é o conselho de toda a mãe para seu filho. Quando a gente é o ouvinte, acha sempre um exagero e não leva coisa nenhuma, só que quando passamos para a outro lado e assumimos o papel de mensageiro é que entendemos porque todas as mães falam isso. É o poder do zelo. Algo marcado no subconsciente.

E não importa a idade. Semana passada, minha avó de 80 anos viu a foto da minha mãe na neve e mandou WhatsApp: “Coloca o agasalho, filha! Tá frio". São 80 anos falando a mesma coisa. A mesma frase que minha mãe falou para mim e que eu, ou a mãe, vamos falar para nossos filhos. Não tem como.

Parece que isso se deu quando o homem matou seu primeiro tigre dente de sabre. Com a sobra da pele do animal, a mãe neandertal cobriu seu filho e aí nasceu esse traço de personalidade que permeia todos os 7 bilhões de humanos. E não importa se é no frio ártico com os esquimós ou no desértico Saara, sempre vai ter uma mãe pedindo para seu filho colocar o maldito agasalho, que à noite vai esfriar.

Por esse impulso quase natural, me pego arrumando a mochila de Teresa para a creche todo dia e colocando sempre uma calça e um agasalho, afinal, o tempo sempre pode mudar. Não importa que, conscientemente, eu tenha a clara visão que uma mudança de tempo no Rio de Janeiro signifique cair de 40 para 25 graus a temperatura no verão, e que em apenas duas semanas do ano esse agasalho se justifique na mochila – semanas que Teresa já sairá de casa com ele.

E com a chegada do segundo filho isso não vai melhorar. Será apenas mais uma mochila sendo arrumada com mais um casaco inútil. Não tem como, por mais que meu consciente brigue por esse espaço preenchido na mochila, não consigo tirar o casaco de lá e, sempre que o tempo muda, mesmo estando 35 graus na chuva, penso que deveria ligar para a creche e pedir para a Teresa colocar o casaco. 

Apaixonada pela Teresa

Um dos meus medos é o de não amar tanto o segundo(a) filho (a) tanto quanto amo a Teresa. Não sou a primeira nem a última mãe de segunda viagem a experimentar esse sentimento. Mas fico tranquila porque todas as amigas mães de mais de 1 me garantem que vai sobrar amor. Digo isso porque tenho estado especialmente encantada/apaixonada pela Teresa. É a melhor coisa do mundo acompanhar minha menina crescendo, virando gente, tendo seus próprios raciocínios e descobrindo o mundo no seu ritmo próprio.

A cada descoberta, vejo no rostinho dela expressões que nunca tinha encontrado antes. Estudo com calma e com uma admiração profunda cada "ruguinha" dos seus olhos quando ela sorri ao encontrar uma formiga carregando uma folha ou uma simples florzinha amarela no meio do canteiro. No auge do seu 1 ano e meio, já dá pra constatar que ela é muito observadora. E eu acho que isso é uma dádiva rara e bela nos tempos frenéticos em que vivemos.

No chão da garagem tem uma marca de tinta branca em forma de círculo. Todas - eu disse todas! - as vezes em que a Teresa passa por lá, ela exclama com a mesma animação "A bola! Cadê a bola? Achei a bola!" e se diverte por alguns segundos – às vezes minutos - pisando em cima, dando pulinhos. De vem em quando já estamos perto do carro, ela sai correndo pra voltar pra tal bola, cuja existência, antes de ela perceber, eu nunca tinha notado.

segunda-feira, 9 de março de 2015

Eu quero (muito!) saber o sexo

Mesmo antes de engravidar pela segunda vez, eu já simpatizava bastante com a ideia de só saber o sexo no momento do nascimento. Achava que o quesito surpresa daria uma emoção maior ao momento, seria a chance de reviver a experiência das nossas mães e mais um monte de outras coisas que faziam total sentido pra mim. Mas mudei de ideia. Tenho esse direito, não? Há alguns poucos dias abandonei definitivamente esse raciocínio, para alegria do pai e de todos os outros que nos cercam. Na semana passada cheguei a investigar se o plano de saúde não cobriria o tal exame de sexagem fetal, depois de ter ouvido alguém comentar sobre o assunto. Não, não cobre. Tudo bem, se eu fosse a dona do plano, também não cobriria. Custa R$ 500 e é totalmente eletivo, quase uma frescura. Ainda não me permito desembolsar essa grana de bobeira. Terei que aguentar até o dia 23 de março. Mais duas semanas de especulação. Haja coração!

Palpite? Não arrisco. O pai tem quase certeza de que é uma menina. Como eu achava que a Teresa era um menino, nem me concentro pra tentar achar qualquer coisa, já que meu super feeling materno se provou totalmente equivocado. Há uma torcida dentro de mim para que seja um menino, pois seria legal ter um casal. Eu tenho um irmão por quem sou completamente apaixonada e curti demais a experiência. Por outro lado, se for menina, certamente será super companheira pra Teresa; já facilmente imagino as duas brincando no quarto delas, penteando bonequinhas, cozinhando comidinhas imaginárias em panelinhas. No fundo é tudo muito legal!

E, em relação aos nomes, demos um tempo no assunto, apesar de todo mundo perguntar sempre sobre isso...! Acho que vamos deixar para decidir só quando soubermos o sexo. Aí a gente já foca as energias no gênero certo. Em breve saberemos, enfim, quem tá crescendo aqui dentro da minha barriga.  

Sobre aborto (dos outros)

O assunto não é exatamente o foco desse blog, mas vale registrar os pensamentos que nos acompanham.

Há algumas semanas rolou nas redes sociais uma campanha contra o aborto, em que muitas mães e grávidas postaram fotos exibindo suas belas barrigas. Eu não participei do movimento simplesmente porque não quero me meter na vida dos outros (no caso, das outras) e por ser a favor da legalização do aborto.

Defendo que as escolhas das mulheres devem ser respeitadas, sejam elas quais forem. E, definitivamente, não quero que ninguém morra por conta das escolhas feitas nem que seja presa sob a justificativa de que estão matando fetos que estão dentro dos seus úteros. Além disso, é um pouco ingênuo da nossa parte imaginar que as mulheres que hoje arriscam a vida e a liberdade para fazer um aborto ilegal vão desistir da ideia porque um bando de grávidas lindas publicou suas belas fotos no Facebook e no Instagram.

Uma amiga postou o seguinte depoimento, do qual eu me aproprio: "Da mesma forma que eu defendo esse desejo soberano de ser mãe, eu também defendo o desejo soberano, legítimo e completamente inquestionável de não querer ser a mãe de alguém".

O debate é acalorado, mas pra mim é simples assim: se você é contra o aborto, não faça!

quinta-feira, 5 de março de 2015

O fim do enjoo!

Pobre segundo filho, já é esperado com uma quantidade menor de posts. Mas tudo bem, se da primeira vez ficávamos horas divagando sobre como seria ter uma criança em casa, agora "é pra valer": a Teresa está lá, cheia de energia e de vontade de pintar, cantar e passear. E ainda bem que é assim!

Já chegamos a 13 semanas e agora está tudo bem, mas vivi um período complicado entre a 10a a 13a semanas, de muuuito enjoo. Não me lembro de ter me sentido assim na gravidez da Teresa. Uma coisa inexplicável e muito chata. Um "nojinho" constante, durante todo o dia e toda a noite. Vontade zero de comer... Logo eu, que aprecio tanto os prazeres da gastronomia. O resultado veio na balança: na última consulta com a obstetra, ela verificou que emagreci 1,5kg no último mês. A perda de peso não preocupa, na verdade me dá até um certo alívio, sabendo que tenho aí uma boa margem de segurança para as próximas etapas dessa barriga que vai crescer tanto ainda. :-)

Agora, passada a fase de enjoo/sono/cansaço, começa a melhor parte! Me sinto disposta e com energia. Ufa! Essa história de fabricar coluna, ossos, coração, rim e impressões digitais deixa as grávidas esgotadas...!

segunda-feira, 2 de março de 2015

Os boletins semanais

Na primeira gestação, aguardava cada um deles com muita atenção. Como será que nossa menina crescia? O que viria pela frente? Passava horas contemplando o crescimento lento da barriga da mãe e me perdia em pensamentos. Os boletins me traziam informações novas, que estimulavam minha imaginação e me faziam entrar em contato com esse mundo subaquático que a pequena Teresa habitava.

Agora, fico feliz quando minha caixa de correio traz uma nova história e consigo ler – como nessa hora do almoço. Essa décima terceira semana chega com o pai sabendo que “o útero já cresceu o suficiente para deixar claro que aquela nova barriguinha é mesmo de gravidez. Mesmo assim, seu bebê ainda é bem pequeno, mais ou menos do tamanho de meia banana". 

Apesar disso, se pudesse enxergar dentro do útero agora, eu veria um bebê formado, até com impressões digitais nos dedos. Bom saber que esta nova fase da gravidez é mais tranquila, afinal a parte mais difícil de desenvolvimento do bebê ficou para trás. Bom saber que os enjoos da mãe vão diminuir e bom saber que a coisa continua correndo bem.

Lendo, me toquei que não estou curtindo essa barriga – que já desponta linda em casa – da maneira que gostaria. Entre lápis, pinturas, bonecos, cama nova, brinquedos, leitura de livros, gibis, mamadeiras, banhos, fraldas e naninhas – muitas vezes minhas antes de Teresa –, não me perdi no simples ato da observação. Não tenho mais tempo para ser voyeur. De vez enquanto, no meio do furacão, vejo essa bela barriguinha despontar e sorrio feliz – uns segundos depois, envolto na tranquilidade do olho da tempestade, entro em desespero com o pensamento: como será que vai ser com dois?

Bom, isso logo passa. Com dois, vai ser pelo menos duas vezes mais caótico e duas vezes mais legal. Dormindo na cama do lado da Teresa nesse sábado, me peguei cheio de vontade de que o berço se encha mais uma vez. E que logo cheguem o beliche, as prateleiras do chão ao teto, as bancadas de estudos e, principalmente, o companheirismo que só irmãos têm.

Enquanto isso, vou aproveitando os pequenos momentos de contemplação e torcendo para que esse descaso por falta de tempo não cause nenhum trauma ao irmão de Teresa. E que no futuro, ele não use o que venho escrevendo para me condenar como pai, ou que essas linhas não provoquem os anos de análise que terei que pagar ao meu segundo filho.