sexta-feira, 29 de maio de 2015

Tum, tum, tum

Essa semana, um amigo do trabalho foi a sua primeira ultra. Antes de sair, eu disse que ele iria viver a maior emoção da sua vida: ouvir o coração do seu filho pela primeira vez. Um dia depois, ele, com o sorriso mais sincero no rosto, disse que realmente foi a maior emoção da vida dele, que não estava preparado para isso e confessou que chorou.

Lembro do exato momento que ouvi o coração da Teresa batendo. Foi de surpresa, sem saber que aquilo iria acontecer. Aquele batimento rápido, aquele som, me encheu de vida, esperança, felicidade e lágrimas.

E esses sentimentos me tomaram todas as vezes em que, nas 38 semanas e 5 dias de gestação, pude contemplar o som mas melodioso do mundo. Um som que toma cada célula do seu corpo, que mexe com cada conexão do seu cérebro e provoca em você sentimentos que você não sabia que existiam.

Lembro do primeiro sangramento da mãe e de como o batimento do coração firme de Teresa mostrava que era apenas um susto o que tínhamos passado. Lembro da monitoração dos dias finais, nas salas da emergência da Perinatal e do som que preenchia a sala de parto, antes dela nascer. Foi a última vez que ouvi esse som amplificado, mas confesso que quando estou com saudades, ainda coloco meu ouvi no peito da minha filha para – de olhos fechados – reviver essa deliciosa sensação.

Quando soube do surgimento do Dante, achava que essa sensação seria menor – afinal, já estava preparado e calejado. Mas não funciona assim. Você até sabe o que vai encontrar nas ultras, mas ainda fica tenso antes delas e fica completamente tomado por esse amor incondicional quando sai do consultório, depois de ouvir o som do coração de Dante batendo tão forte quanto o da irmã.

Semana passada, fizemos o ecocardiograma. Está tudo certo com o coração do nosso pequeno. Durante quase 40 minutos, rimos constrangidos das mesmas piadas do médico que fez o exame da Teresa há dois anos, verificamos cada detalhe daquele pequeno músculo que funciona a plena força e nos apaixonamos pela mais bela melodia que a vida pode fornecer. Dentro da barriga da mãe, bate forte o coração de Dante e o som desse coração faz bater forte, aqui fora, o coração desse pai. 

terça-feira, 19 de maio de 2015

Tempo e sorrisos

Vejo a foto que tiramos do alto do Pão de Açúcar e percebo quanto ela transpira a felicidade que minha pequena trouxe. Hoje, espero ela chegar da creche sempre feliz, pronto para o melhor dos sorrisos e o melhor dos abraços. Claro que abri mão de um monte de coisas que queria fazer para estar com ela, mas na verdade, nada é tão importante quando estar com ela e acompanhar seu crescimento. Dane-se se não consigo colocar nada em ordem, essa desordem tem me alegrado tanto. Pai babão diante de suas tiradas, conclusões, canções ou explanações sobre quem são aqueles quatros rapazes atravessando a rua, no pôster do lado da mesa de jantar.

Claro que essa vida cansa. Quando ela não quer dormir como ontem, ou quando ela acorda bem cedo e te pergunta sorrindo se você já acordou. Quando você arruma a sala toda e guarda tudo e, cinco minutos depois, está tudo um caos de novo.

Que venha mais caos. Que venha a falta de tempo para qualquer outra coisa na vida. A gente leva, administra, isso não é um grande problema assim. Vou comer mais em casa, vou ver menos shows, vou participar dos bolões do Oscar sem ver nenhum filme - e mesmo assim ganhar -, vou tentar acompanhar algo no Netflix e não dormir com 5 minutos de exibição, mas tudo bem.

Essas semanas, tenho encontrado tempo para curtir a barriga da mãe se mexendo e de conversar com Dante um pouco mais. Sei que eles serão dois indivíduos diferentes, que terão personalidades próprias, mas torço que ele venha curiosos e feliz como a irmã.

Nos momentos de contemplação, imagino meu menino me consumindo ainda mais que Teresa.  Todos dizem que meninos são mais elétricos, então que venham os choques e com ele os sorrisos como o registrado no domingo. 

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Mãe de dois

Fiquei pensando sobre o que o médico disse no último exame, para curtirmos a gravidez, e em como nos falta tempo para curtir da maneira que gostaríamos.

Não quero ficar aqui me lamentando num blá-blá-blá cheio de culpa, nunca entrei de fato nessa onda, tema tão recorrente na blogosfera materna. Eu ouço muitas pequenas reclamações de amigas mães a esse respeito, sobre como falta tempo na “nova” vida. Concordo com elas, também sinto fata de tempo pra mim e pra gente como casal, a lista de ‘coisas a fazer’ aumenta em progressão geométrica, mas a maternidade é tão mais legal que tudo(!), que não sofro muito com as coisas pendentes, não. A prioridade é sempre a criança! Se sobrar tempo, dá pra arrumar a casa. Se sobrar tempo, a gente lava a louça. Se sobrar tempo, guardo no armário as roupas que a diarista passou na semana passada.

No último domingo foi Dia das Mães. Acordamos e ficamos de preguiça com a baixinha na cama, em momentos de aconchego e risadas que fazem tudo valer a pena e são o verdadeiro presente. E ali, abraçadinha com ela e sentindo os pulinhos dele dentro da barriga, fiquei viajando, pensando nessa passagem de ‘mãe de um’ para ‘mãe de dois’. Imagino que seja mais fácil porque a experiência deve ajudar de alguma forma, mas a dinâmica familiar deve ser totalmente outra, principalmente se não somos a família real inglesa. 

A gente vai dormir menos, o exercício diário de logística tende a ficar mais complexo. Mas não tenho dúvidas de que os próximos dois anos serão repletos de fofurices memoráveis. Mal posso esperar para ver meus dois amores rindo e brincado juntinhos, em meio a brinquedos, lápis e livros espalhados pela casa inteira. 

Notícias do reino da pança

Na semana passada tivemos "visita" à barriga, foi dia de ultrassonografia morfológica, que é um dos exames importantes para ser feito na gravidez. Tudo certo com o Dante, seus 23 centímetros de altura, 520 gramas de peso e feições muuuito parecidas com a Teresa. Ossinhos da coluna, coração, rins, cérebro, estômago, dedinhos dos pés e das mãos, tudo lá, no devido lugar. Recentemente ouvi histórias não felizes de amigos de amigos e estava meio impressionada, então foi um grande alívio ouvir que tudo corre na mais perfeita ordem.

Recebo a notícia, pelos boletins semanais, que o grande acontecimento do momento é o aperfeiçoamento do pâncreas, órgão fundamental para a produção de hormônios. Os primeiros sinais da dentição também já aparecem por baixo da gengiva, embora os dentes mesmo só surjam entre os 4 e 9 meses de idade.

O médico me mandou curtir a gravidez e ficar tranquila. Vamos em frente!

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Salve, moleque!

O tempo está passando, já estamos na semana 23. A barriga da sua mãe está linda e ela continua se superando nessa jornada dupla. Você aí crescendo, ganhando peso, aproveitando o quase sossego do seu mundo aquático – rompidos por alguns chutes descuidados da sua irmã na hora de dormir – e nós aqui na expectativa, na contagem par o fim de agosto chegar e você aparecer por esse lado. A ultra mostrou que você é bem parecido com a sua irmã, será? Espero que essa semelhança não seja apenas física e que você possa curtir esse mundo como sua irmã parece curtir. Não queremos uma cópia xerox, mas torcemos para que seu sorriso nasça todo dia como o dela e que a sua curiosidade pelo mundo seja a mesma que vemos diariamente nos olhos de sua irmã. O que mais desejo, a partir da sua chegada desse lado da barriga, é que você venha com sede pelo mundo e que livros, lápis, desenhos, papéis, brincadeiras, escaladas, escorregas, balanços, quebra-cabeças e perguntas te tornem um ser humano curioso, saudável e feliz. Aproveite dessa alegria constante em querer saber sempre mais da sua irmã e construa seu mundo com o apoio dela. Os chutes são involuntários, algumas brigas entre vocês não serão, mas isso é crescer. Pode ter certeza de que você vai ter uma companheira aqui desse lado e que essa companheira – que adora aprender – vai também aprender a te ensinar.